segunda-feira, 27 de julho de 2009

Noite de chuva.


Enquanto a chuva desabava sobre a cidade, você chegou com os cabelos molhados, os olhos de arrebentação, as mão frias, a língua em brasa;
Por um breve momento tive medo, medo da chuva, de que ela enfim terminasse, mas você não teve medo, sempre foi o mais forte dos dois;
Veio em busca de caça, de um pedaço de carne, rasgou-me o peito, a pele de um jeito e beijou-me de uma forma que embriagou-me até a alma e, enquanto o mundo lá fora desabava, as horas congelavam de susto no velho despertador que derretia ao lado, sob um criado emudecido de pudor;
E num vacilo você arrancou minha roupa, despedaçou minha língua, expôs minhas vísceras sob a cama e como um soco no ouvido, sussurrou-me um nome que não era o meu.

Primo Ferreira

2 comentários:

£zterliu disse...

Poxa, Primo... gostei pra caramba. Você segurou o final. Adoro quando se segura o final das coisas. perfeito. Bejios e avante!!!

GeRMANA DE CaSTRO disse...

aói, que terrível!!!!!!!


vc parece eu quando escreve

bjs gato lindo